Olá meus queridos, boa tarde.
Pesquisando sobre o assunto "desfralde" esta semana, encontrei um artigo muito interessante no blog "Mãe de 1º viagem" e resolvi compartilhar aqui com vocês, pois acho que vale muito a pena ler. Espero que seja útil. Beijinhos
Um médico em defesa do treino de toalete mais tardio.
(Por Dr. Steve Hodges, com Suzanne Schlosberg)
Você
provavelmente já ouviu os argumentos em favor de começar cedo o treino
ao toalete. Eles começam cedo na Europa! Bebês colaboram mais do que
crianças de 3 anos! Fraldas são ruins para o meio ambiente! Talvez você
já até mesmo lido estudos científicos concluindo que as crianças que
começam o desfralde mais tarde têm mais chances de terem dificuldades.
Como
urologista pediátrico especializado em treino ao toalete, eu lhes digo o
seguinte: Crianças com menos de 3 anos não deveriam ter de lidar com o
treino ao toalete, tanto quanto não devem cuidar das poupanças para
pagar a faculdade. Escolas infantis que exigem que crianças com menos de
3 anos já estejam desfraldadas (como uma escola na Virgínia que deu uma
suspensão à pequena Zoe Rosso, de apenas 3 anos e meio, por molhar
demais as roupas ) estão prejudicando as crianças. E o treino de bebês,
promovido por alguns autores, como Mayami Bialik em seu novo livro
“Beyond de Sling”, é uma ideia maluca. A não ser que, como Bialik, você
monitore o bebê 24 horas por dia, dê-lhe uma dieta vegetariana rica em
fibras e não mande seu filho para a creche. As crianças precisam
experimentar a eliminação de fezes e urina sem se preocuparem com
expectativas de usarem o sanitário em idade tenra.
Não
significa que crianças pequenas não possam ser treinadas para o uso de
toalete. Com certeza elas podem. Mas conseguir fazer cocô no penico
quando levada até ele não é o mesmo que saber reconhecer e interpretar
os sinais do próprio corpo de que ele precisa evacuar.
Vamos
acelerar dos dois para os três anos. É nessa idade que as crianças
desfraldadas precocemente aparecem no meu consultório, com queixas de
escapes de fezes e urina, infecções repetidas no trato urinário ou
enurese noturna (molhar a cama à noite).
“Eu não entendo”, diz a mãe, “eu nunca a forcei, ela praticamente se desfraldou sozinha”.
Eu
acredito na mãe. Mas infelizmente esse é um quadro típico de crianças
que são treinadas precocemente, e quanto mais precoce, tanto mais graves
são os problemas. Eu vejo por volta de 100 crianças por semana em meu
consultório, e metade delas têm disfunções de evacuação, tendo a maioria
sido desfraldada antes dos 3 anos.
Para
compreender os riscos do desfralde precoce, é importante compreender
que praticamente todos os problemas de desfralde (vazamentos de fezes e
urina, enurese noturna, infecções do trato urinário) estão relacionados
ao fato de segurar cronicamente a urina, as fezes ou ambos.
Crianças
(TODAS as crianças) não gostam de interromper suas atividades para ir
ao banheiro. Uma vez que elas aprendam a segurar a urina e as fezes, que
basicamente é a essência do treino ao toalete, elas tendem a segurar
pelo maior tempo possível. Esse é um hábito perigoso. Toda vês que você
contrai seu esfíncter para que não vaze urina, você cria uma resistência
na sua bexiga. O quê acontece toda vez que você contrai seus músculos
da bexiga? Exatamente o mesmo que ocorre quando você malha na academia.
Eles se tornam mais espessos e fortes. Mas ao contrário de um bíceps,
uma bexiga espessa é ruim. Ela tem reterá menos urina e perderá a
sensibilidade. Quando uma criança segura o xixi, por meses e anos, a
parede da sua bexiga se torna mais espessa, eventualmente a bexiga se
torna tão forte e irritada que pode vazar sem que a criança perceba.
Segurar
cronicamente as fezes (encoprese) um problema que é exacerbado nas
crianças com dietas pobres em fibras, piora o estrago. Uma massa de
fezes se forma no reto logo abaixo da bexiga, e pode estender o reto de 2
até 10 centímetros de diâmetro ou mais, tomando espaço na pélvis e
fazendo com que a bexiga não consiga conter a urina. Além disso, os
nervos que controlam a bexiga, e que passam por entre a bexiga e o intestino, ficam irritados quando o intestino está alargado, causando
contrações involuntárias da bexiga – em outras palavras, causam escapes
constantes.
Embora
ninguém poste no Facebook, “Meu filho molhou a cama de novo”, problemas
com o treino de toalete são crescentes na nossa cultura. Consultas a
médicos pediatras motivadas por constipação dobraram na última década, e
consultas a hospitais pelo mesmo motivo quadruplicaram. Na idade de 7
anos, 8% das meninas já tiveram uma infecção do trato urinário fazendo
parte de um milhão de consultas a médicos pediatras e 14% de todas as
emergências em pronto socorros pediátricos. Além disso, cinco milhões de
crianças molham a cama, incluindo cerca de 20% das crianças de 5 anos,
12% das de 6 anos e 10% das de 7 anos.
Embora
esses dados sejam robustos, acredito que tais número ainda são
subestimados. Uma vez que os pais tendem a acreditar que problemas com o
treino de toalete são normais, muitos não procuram ajuda médica para
isso.
Mesmo
nos casos em que a ajuda médica é solicitada, muitas vezes a causa dos
problemas com treino de toalete passa desapercebida. Muitos pais, e
também muitos pediatras, acreditam que constipação equivale à defecação
infrequente. No entanto, muitas crianças constipadas defecam
diariamente, até várias vezes ao dia. Grandes massas de bolo fecal
endurecido podem passar desapercebidas, pois as fezes mais moles podem
passar por elas, dando a impressão de que a criança evacuou toda a
massa. Foi isso o que aconteceu com Zoe Rosso, a garotinha que foi
suspensa da pré-escola, e que agora é minha paciente. Zoe tinha uma
rolha de bolo fecal do tamanho de uma maçã dentro do reto, porém o
pediatra e também o urologista pediátrico não perceberam isso, pois não
pediram exames de raio X.
Muitos
estudos já publicados (inclusive um de nossa autoria, publicado em 2012
na revista “Urology”) mostram que quando se dissolve a rolha de massa
fecal e previne-se a formação de novas massas, os vazamentos, infecções
urinárias e enurese cessam. Nossos estudos apenas confirmaram os
resultados de um estudo canadense, publicado nos anos 80. Isso demonstra
cabalmente que as crianças com problemas de enurese eram severamente
constipadas, embora mostrassem pouco ou até nenhum sinal disso, e que
tratar da constipação resolveu a enurese e as infecções do trato
urinário. (Vale lembrar que constipação significa a obstrução do reto
por massas de bolo fecal, e não deixar de evacuar regularmente.)
A
razão pela qual as crianças que foram desfraldadas aos 2 anos mostram
mais problemas do que as crianças treinadas depois, em minha opinião, é o
fato de que estas últimas puderam passar mais meses ou anos decidindo
por si mesmas quando urinar ou defecar – antes que elas fossem maduras o
suficiente para entender a importância de eliminar assim que sentissem
vontade. Além do mais, a bexiga precisa desses 3 ou 4 anos de
crescimento e desenvolvimento, e ter hábitos de eliminação livres
(leia-se: fraldas) facilita o seu desenvolvimento máximo.
Os
pais geralmente me dizem que seus filhos têm vazamentos por que “têm a
bexiga pequena”, como se isso fosse congênito. Talvez a criança tenha
uma bexiga pequenas, mas somente porque a sua capacidade foi
comprometida pela sua constante contração.
Com
qual frequência eu vejo uma criança que ainda usa fraldas e tem
infecções urinárias recorrentes? Nunca. Com que frequência eu trato
crianças recém treinadas no desfralde com infecção urinária recorrente?
Todos os dias. Essas crianças são 25% dos meus pacientes. Isso não é
mera coincidência, e demonstra muito claramente que o treino precoce do
uso do toalete é prejudicial e perigoso. É impossível que crianças
saudáveis, com desenvolvimento normal, que não sofram de constipação, e
aprendam a usar o penico com 3 anos e meio de idade tenham enurese ou
encoprese crônicas do que as crianças treinadas aos 2 anos e meio.
Crianças que usam fraldas não constipam, muitas crianças em processo de
treinamento de toalete o fazem. Cada ano de sem constipação, sem a
exigências e regras para a evacuação – em outras palavras, usando
fraldas – leva ao crescimento da bexiga; cada ano de contração para
segurar os esfíncteres faz a bexiga encolher e se tornar mais irritável e
hiperativa.
Pense
nisso: a terapia padrão para os vazamentos envolve dar-lhes laxantes e
coloca-las de hora em hora no penico, tirando a decisão de quando
evacuar de suas mãos.
Talvez
você ainda não esteja convencido a esperar até os 3 anos pelo
desfralde. Talvez você se pergunte: e sobre as pesquisas que mostram que
é o treinamento de toalete tardio, e não o precoce, a causa das
constipações e vazamentos?
Bem, há uma grande falha nessas pesquisas. Seus autores não checaram,
com exames de raio X, para ver se as crianças sofriam de constipação
quando começaram a ser treinadas. Os arquivos da minha clinica mostram
que, entre as crianças treinadas mais tarde, não é a idade em que
começou o treinamento, e sim a constipação não diagnosticada, que está
correlacionada aos problemas. Nós descobrimos que as crianças treinadas
depois dos 3 anos geralmente começaram o desfralde mais tarde porque já
eram constipadas (seus pais tentaram antes, sem sucesso).
Então,
se você está fazendo o treino de toalete com seu filho de 2 anos,
porque a escola que você escolheu assim o exige, eu sugiro que você
procure outra escol. Mandar uma criança de recém desfraldada para a
escola apenas aumenta o risco de problemas de constipação, especialmente
se as escolas não permitirem nem mesmo o uso de fraldas “pull ups”.
Pense bem: você estará colocando uma criança de 3 anos num ambiente desconhecido, possivelmente pela primeira vez em sua vida, para local
onde ela não terá membros da família por ao menos metade do dia. E você
espera que a criança interrompa a professora durante a rodinha de
história, e anuncie que precisa usar o penico, ou que ela saia do forte
que ela está construindo com seus amiguinhos e vá sozinha até o
banheiro. Seja quem for que ache que essa é uma boa ideia, certamente
nunca pisou numa clinica de urologia pediátrica.
Para
piorar, essas crianças ainda são mal equipadas para lidarem com as
políticas restritivas ao uso de banheiros que as esperam na escola
primária e depois dela. Tenho incontáveis pacientes que desenvolveram a
capacidade de segurar as fezes e a urina das 7:30 até as 16:30 – e
desenvolveram sérios problemas de bexiga e infecções urinárias
recorrentes por isso.
Crianças
recém treinadas para o desfralde precisam de acompanhamento constante,
não importa quanto tempo elas consigam permanecer secas, e quanto mais
cedo você decide treinar uma criança, maior é a sua responsabilidade de
checar e estimular de perto suas necessidades e hábitos de micção e
evacuação. Crianças precisam ser lembradas de ir ao banheiro a cada duas
horas. (E as pessoas que cuidas das crianças jamais deveriam apenas
perguntar se elas querem ou precisam ir ao banheiro, pois a maioria das
crianças responderá que não. É seu trabalho instruir à criança sobre quando ir.)
Também
é importante olhar como estão as fezes da criança sempre que você tiver
uma chance (por sorte, a maioria das crianças esquece de dar
descarga!). As fezes devem ser finas e/ou pastosas, como purê de
batatas. As fezes amolecidas e aquosas, semelhantes à diarreia, indicam
problemas. Fezes muito grandes e espessos são sinais de constipação.
Você
também pode ensinar seu filho a checar suas próprias fezes e relatar
como elas são. (Sim, tudo isso parece nojento, mas é importante que as
famílias falem sobre isso, e muitas crianças acham divertido falar sobre
as próprias fezes.) Finalmente, tente manter acompanhamento sobre
quando foi a última vez que o seu filho defecou.
Eu
sei que o sonho da maioria dos pais é o dia em que seus filhos pequenos
irão ao banheiro sozinhos. Eu também espero por esse dia. Mas não fique
tão obcecado pela sua liberação dessa tarefa Você precisará prestar
atenção aos hábitos de eliminação do seu filho até ter certeza de que
ele de fato conseguiu!
Fonte: Texto publicado originalmente em inglês, em março/2012, no site: http://www.babble.com/toddler/toddler-health-safety/dangers-potty-training-early/. Traduzido e adaptado para o português por Taicy Ávila.
Fases do desfralde:
FASE -1 – A criança consegue te avisar que FEZ
Até esse
momento, a criança anda com suas fraldas “pingando pela casa” ou
“difundindo o cheiro” sem que isso a incomode. Se ela não tem essa
consciência (que as fraldas já estão inapropriadas para o uso), não há
como querer que ela entenda que precisa exercitar o controle.
Algumas
crianças podem até querer tirar as fraldas quando percebem que elas
estão molhadas ou sujas e isso pode já ser um sinal de que ela está
preparada para a próxima fase, mas não que ela saiba controlar as suas
eliminações. Se a fralda for retirada nesse momento, a chance de
ocorrerem “vazamentos” é imensa e a de sucesso é muito, muito reduzida.
FASE -2 – A criança consegue te avisar que ESTÁ FAZENDO
Agora
a criança começa a perceber que algo diferente está acontecendo. Além
de já se sentir desconfortável com a fralda cheia de fezes e/ou urina,
ela começa a ter a sensação das suas passagens pelo reto ou pela uretra,
mas não consegue ainda conter ou reter. Em grande parte dos casos, a
criança escolhe um cantinho, senta ou se agacha, olha para os pais com
carinha de “tô fazendo” e começa a se incomodar quando terminou, quase
que exigindo ser limpa.
Muitos pais, professores (nas escolinhas)
começam aqui a tentativa de treinamento do controle. Mas para que essa
atitude tenha sucesso, seria necessário um passo que a criança ainda não
conseguiu: o segurar, a hora de segurar e soltar depois, a hora de
soltar. Ou seja, ainda falta o principal: a consciência. Nessa fase, as
crianças podem até ser “condicionadas” que, apesar de ser um sinônimo em
alguns dicionários, ainda é diferente de serem “treinadas”.
FASE -3 – A criança consegue te avisar que QUER FAZER
Depois
de algum tempo, individual para cada criança, começa a ocorrer uma
evolução. Nessa fase, a criança começa a ter o controle e consegue
segurar as fezes e a urina. Muita gente já ouviu falar das fases de
desenvolvimento especificadas por Freud?
- Fase oral (0 a 18 meses/2anos);
- Fase Anal (18 meses/2 a 3/4 anos);
- Fase Fálica (3/4 a 5/6 anos);
- Período de Latência (5/6 anos a 11/12 anos);
- Fase Genital (11/12 anos a 17/18 anos).
Freud
pode ter sido um dos responsáveis pela precocidade do treinamento
quando estabeleceu que aos dois anos inicia-se a fase anal. O fato de
ela se iniciar aqui, aos dois anos, ainda não significa que a criança
esteja totalmente preparada para controlar e exercer a função segurar /
soltar de forma correta e nem que ela já tenha consciência disso.
Você já pensou por que razão, quando temos vontade de urinar ou evacuar, nós dizemos que “vamos ao banheiro”?
Acompanhem os passos desse processo:
- Sentir a vontade de urinar ou evacuar;
- Reter (segurar) fezes / urina;
- Ir ao banheiro;
- Tirar a roupa do caminho (calça ou vestido, cueca ou calcinha, fraldas ainda);
- Sentar;
- Liberar os esfíncteres (relaxar a musculatura);
- Esvaziar o reto e/ou a bexiga;
- Fazer a higiene local adequada (ser limpo ou se limpar);
- Vestir a roupa novamente;
- Lavar as mãos;
- Acabou.
Fonte: http://guiadobebe.uol.com.br/a-hora-do-desfralde/